Você já ouviu falar na opção de calibrar os pneus com nitrogênio em vez do ar comprimido tradicional? Essa alternativa, muito utilizada em aviões, carros de corrida e veículos pesados, vem ganhando espaço entre os motoristas comuns.
A ideia de substituir o ar comprimido por nitrogênio pode parecer exagero à primeira vista, mas a verdade é que essa mudança tem fundamentos técnicos interessantes. O nitrogênio, por ser um gás mais seco e estável, traz algumas vantagens que podem fazer diferença no uso diário — principalmente para quem roda bastante ou quer manter o carro sempre em boas condições.
Vamos entender como funciona essa calibragem, o que ela oferece de diferente e quando realmente vale o investimento.
O que é o nitrogênio e por que usá-lo nos pneus?
O nitrogênio é um gás inerte, incolor e inodoro que compõe cerca de 78% do ar que respiramos. Quando falamos em “calibrar com nitrogênio”, nos referimos ao uso do gás de forma quase pura — geralmente com mais de 90% de concentração — para preencher os pneus no lugar do ar atmosférico, que além do próprio nitrogênio, contém oxigênio, vapor d’água e outros gases.
A principal diferença entre o ar comprimido e o nitrogênio está justamente nesses outros componentes. O oxigênio e o vapor d’água presentes no ar contribuem para a oxidação das rodas e dos componentes internos dos pneus, além de favorecerem a variação de pressão em função da temperatura. O nitrogênio, por ser mais estável e seco, evita esses problemas.
Quais são os benefícios de calibrar com nitrogênio?
Agora que você já entendeu o que é o nitrogênio e por que ele é usado nos pneus, é hora de conhecer os benefícios práticos dessa escolha. Abaixo, explicamos como esse gás pode contribuir para a durabilidade, o desempenho e até a economia no seu dia a dia ao volante:
Menor perda de pressão com o tempo
Um dos argumentos mais fortes a favor do nitrogênio é que ele tende a escapar mais lentamente dos pneus do que o ar comprimido. Isso acontece porque as moléculas de nitrogênio são ligeiramente maiores que as do oxigênio, o que dificulta sua passagem por microporos na borracha do pneu.
Como resultado, a pressão interna se mantém mais estável por um período maior, podendo durar de 3 a 6 meses, em contraste com a calibragem com ar comum, que é recomendada a cada 15 dias.
Maior durabilidade dos pneus
Ao manter a pressão correta por mais tempo, o pneu sofre menos deformações, o que ajuda a preservar sua estrutura e prolongar a vida útil da banda de rodagem. Além disso, a ausência de umidade no gás evita a formação de ferrugem nas rodas e oxidação na parte interna do pneu, algo que pode comprometer a segurança e reduzir a durabilidade.
Menor variação de pressão com a temperatura
O nitrogênio sofre menos influência das variações de temperatura em comparação ao ar comprimido. Isso significa que, em situações de uso intenso ou mudanças climáticas, a pressão interna dos pneus tende a se manter mais estável.
Essa característica é especialmente útil em veículos que trafegam por longas distâncias, enfrentam temperaturas extremas ou rodam em alta velocidade, como caminhões e carros esportivos.
Mais segurança e melhor desempenho
A estabilidade da pressão garante melhor contato do pneu com o solo, o que contribui para a dirigibilidade, a frenagem e a aderência em curvas. Além disso, a calibragem correta também influencia diretamente no consumo de combustível e na emissão de poluentes, já que pneus murchos aumentam o esforço do motor.
Mas então, por que nem todo mundo usa nitrogênio?
Apesar dos benefícios, o uso de nitrogênio nos pneus ainda não é tão popular entre os motoristas comuns, e há algumas razões para isso.
Custo
A principal barreira é o preço. Enquanto a calibragem com ar comprimido costuma ser gratuita ou ter um valor simbólico, o uso de nitrogênio geralmente é cobrado — entre R$ 10 e R$ 20 por pneu, em média. Para quem faz a manutenção regularmente e busca economia imediata, esse custo pode parecer desnecessário.
Disponibilidade
Embora esteja mais presente do que há alguns anos, o nitrogênio ainda não está disponível em todos os postos ou oficinas, o que pode dificultar a manutenção, especialmente em viagens.
Diferença discreta para uso comum
Para motoristas que rodam pouco, dirigem em áreas urbanas e mantêm uma rotina de manutenção adequada, os benefícios do nitrogênio podem ser pouco perceptíveis. Nesse cenário, o ar comprimido desempenha bem sua função, desde que você faça a calibragem com regularidade.
Impossibilidade de mistura
Uma vez que o pneu é calibrado com nitrogênio, ele não deve ser completado com ar comprimido. A mistura dos gases anula os benefícios do nitrogênio, pois o ar comprimido contém oxigênio e umidade, que são os elementos que o nitrogênio busca evitar.
Isso significa que, se você optar pelo nitrogênio, precisará encontrar um local que ofereça o serviço para todas as calibragens subsequentes.
Afinal, vale a pena?
A resposta depende do perfil do motorista e do uso do veículo. Se você costuma rodar muito, faz viagens longas, tem um carro esportivo ou simplesmente deseja uma opção mais estável e com menor manutenção, calibrar com nitrogênio pode ser uma boa escolha. O investimento é baixo e os benefícios em termos de segurança e durabilidade podem compensar.
Por outro lado, se você dirige pouco, faz a manutenção preventiva em dia e prefere economizar sempre que possível, calibrar com ar comprimido a cada 15 dias já é suficiente para manter os pneus em bom estado.
Conclusão
Calibrar os pneus com nitrogênio não é uma necessidade, mas pode ser um diferencial interessante. Em termos de custo-benefício, ele traz vantagens em durabilidade, segurança e estabilidade, especialmente para quem exige mais do carro. Mas, como toda escolha automotiva, é preciso considerar o seu uso, o seu bolso e as suas prioridades.